Casa Branca diz que vai usar toda a força contra o regime de Maduro e chama a Venezuela de Estado 'narcoterrorisra'

Em resposta, presidente venezuelano convocou 4,5 milhões de milicianos em todo o território nacional para conter 'ameaça' de Washington

- Fonte: O Globo
20/08/2025 06h31 - Atualizado há 6 horas

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta terça-feira que os Estados Unidos usarão "toda a força" contra o regime de Nicolás Maduro, da Venezuela, a quem acusou de chefiar um cartel que trafica drogas para o território americano. A declaração acontece às vésperas de quando se espera a chegada de três navios de guerra americanos, com 4 mil fuzileiros navais, nos arredores da costa do país caribenho — mobilizados após uma diretiva controversa do presidente Donald Trump que autorizou o Pentágono a realizar operações de combate ao narcotráfico em outros países.

Questionada se os EUA estariam planejando uma operação terrestre na Venezuela, Leavitt se esquivou da pergunta, mas afirmou que a Casa Branca está disposta a usar seu poderio contra o regime, que classificou como ilegítimo.

— O presidente Trump tem sido muito claro e consistente: ele está preparado para usar todo elemento da força americana para parar a entrada de drogas no nosso país e levar os responsáveis à Justiça — afirmou Leavitt a jornalistas durante coletiva na Casa Branca. — O regime de Maduro não é o governo legítimo da Venezuela, é um cartel narcoterrorista e Maduro, na visão desta administração, não é o presidente legítimo. Ele é um chefe fugitivo desse cartel que está sendo processado nos EUA por trazer drogas para este país.

Em julho, a Casa Branca sancionou o chamado Cartel de los Soles, designando o grupo criminoso venezuelano como uma entidade terrorista global. Segundo o Departamento do Tesouro, ele é comandado por Maduro. No início do mês, os EUA dobraram a recompensa por informações que levem à prisão do venezuelano, oferecendo US$ 50 milhões (cerca de R$ 271 milhões).

O temor de uma intervenção na Venezuela — com quem os EUA romperam relações diplomáticas em 2019, durante o primeiro governo Trump — escalou ainda mais no início do mês, depois de uma diretiva obscura que ordena que as forças americanas combatam cartéis de drogas estrangeiros. Na esteira da decisão, uma frota naval foi deslocada de Norfolk, na Vírgina, em direção às águas da América Latina na sexta-feira, acedendo o alerta de governos da região. Segundo a imprensa internacional, o destino seria a Venezuela, com chegada na costa prevista para a manhã desta quarta-feira.

Rota estimada da Marinha dos EUA — Foto: Arte/O Globo
Rota estimada da Marinha dos EUA — Foto: Arte/O Globo
Rota estimada da Marinha dos EUA — Foto: Arte/O Globo

Integrantes do governo acompanham com preocupação o envio de navios militares dos Estados Unidos para uma área próxima à costa da Venezuela. E, embora avaliam que o foco no momento seja o regime de Nicolás Maduro, eles ressaltam que a Venezuela tem uma fronteira de mais de 2 mil quilômetros com o Brasil. Interlocutores do governo brasileiro ouvidos pelo GLOBO ressaltam que ainda não há nenhuma reação concreta à vista, mas afirmam que essa movimentação mostra que os Estados Unidos podem estar preparando o terreno para uma eventual intervenção militar no país vizinho.

Maduro reage

Em meio à aproximação de três destróieres americanos — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, equipados com o sistema de combate Aegis com mísseis guiados —, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou na segunda-feira a mobilização de 4,5 milhões de paramilitares em todo o território nacional para reagir ao que chamou de “ameaças” dos EUA.

— Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de paramilitares, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas — anunciou Maduro em um encontro político televisionado com os dirigentes do Partido Socialista Unido da Venezuela, ao ordenar "tarefas" perante "a renovação das ameaças" dos Estados Unidos contra a Venezuela.

Criada em 2007 pelo ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), a Milícia Nacional é hoje um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). Segundo dados oficiais, o contingente é formado por aproximadamente 5 milhões de reservistas.

Trump fez da repressão aos cartéis de drogas um objetivo central de seu governo como parte de um esforço mais amplo para limitar a migração e proteger a fronteira sul dos EUA. Ao intensificar a fiscalização imigratória contra supostos membros de gangues, o governo em fevereiro designou o mexicano Cartel de Sinaloa e o grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua como organizações terroristas globais.


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