Na manhã de sexta-feira (3), os militares dos Estados Unidos realizaram mais um ataque contra uma embarcação que operava no Caribe e que autoridades classificaram como um “barco de narcotráfico”, anunciou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, em uma postagem nas redes sociais. Segundo Hegseth, o ataque matou as quatro pessoas que estavam a bordo.
Esse ataque marca, pelo menos, o quarto conhecido realizado pelos militares dos EUA no Caribe desde o início de setembro — todos eles tendo como alvo embarcações que, segundo o governo, são “afiliadas” a cartéis de drogas que os EUA designaram como organizações terroristas nos últimos meses.
Hegseth publicou no X, na sexta-feira, que, por ordem do presidente Trump, ele autorizou o “ataque letal e cinético contra uma embarcação de narcotráfico afiliada a Organizações Terroristas Designadas na área de responsabilidade do USSOUTHCOM [Comando Sul dos Estados Unidos].”
O ataque ocorreu em águas internacionais, próximo à costa da Venezuela, escreveu Hegseth — uma ação que pode aumentar ainda mais as tensões entre os EUA e o regime venezuelano. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na terça-feira que está se preparando para declarar estado de emergência para proteger o país em caso de um ataque das forças armadas dos EUA.
Hegseth não informou a qual organização terrorista o barco supostamente estava afiliado, mas acrescentou que “nossa inteligência confirmou, sem sombra de dúvida, que essa embarcação estava traficando entorpecentes, que as pessoas a bordo eram narco-terroristas, e que operavam em uma rota conhecida de tráfico de drogas.” Ele alegou ainda que o barco estava “transportando grandes quantidades de drogas — com destino aos Estados Unidos para envenenar nosso povo.”
Ataques americanos às embarcações
A administração já havia argumentado anteriormente que outras embarcações atacadas também estavam a caminho dos EUA, o que justificaria ações militares urgentes.
No entanto, pelo menos uma das embarcações atingidas pelos militares norte-americanos no mês passado havia feito meia-volta antes de ser atacada, segundo a CNN, o que indicaria que ela não representava uma ameaça iminente aos EUA ou às forças americanas.
Após o primeiro ataque desse tipo, em 2 de setembro, o secretário de Estado Marco Rubio disse inicialmente que o barco provavelmente estava indo em direção a Trinidad e Tobago ou a outro destino no Caribe. Especialistas em direito e parlamentares de ambos os partidos têm questionado a legalidade dos ataques.
Em uma carta enviada ao Congresso esta semana, o Pentágono afirmou que Trump determinou que os EUA estão em um “conflito armado” com os cartéis de drogas que sua administração designou como organizações terroristas, e que os traficantes desses cartéis são considerados “combatentes ilegais”, segundo a CNN.
Descrever os ataques militares dos EUA como parte de um conflito armado sugere que as ações fazem parte de uma campanha de longo prazo e não apenas de ataques isolados em legítima defesa. Em sua postagem no X na sexta-feira, Hegseth disse: “esses ataques continuarão até que os ataques contra o povo americano acabem!!!”
