O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou nesta quinta-feira que o líder venezuelano, Nicolás Maduro, é um narcoterrorista indiciado e foragido da justiça americana, escalando ainda mais a retórica contra o líder venezuelano, em um momento em que navios militares americanos estão na região do Caribe, perto da costa do país.
— [Maduro é um] foragido da justiça americana — disse Rubio durante uma visita ao Equador. — Não vamos apenas caçar traficantes com pequenos barcos rápidos... o presidente [americano, Donald Trump] disse que quer travar uma guerra contra esses grupos.
A Casa Branca aponta Maduro como líder de uma organização criminosa conhecida como Cartel de los Soles, grupo envolvido com o tráfico internacional de drogas, e designado como terrorista pelos americanos neste ano. No começo de agosto, Washington dobrou uma recompensa oferecida a quem apresentar informações que levem à prisão do ditador venezuelano — elevando a quantia para US$ 50 milhões (cerca de R$ 271 milhões).
A tensão entre EUA e Venezuela atingiu um ápice no começo desta semana, quando Trump anunciou que a frota naval enviada ao Caribe afundou uma embarcação, supostamente pertencente ao Tren de Aragua. O presidente americano compartilhou um vídeo da operação — que Caracas acusou de ter sido montado com uso de IA —, e afirmou que 11 suspeitos teriam sido mortos.
O caso provocou uma forte reação por parte de autoridades venezuelanas, que denunciam o envio da frota americana como uma ameaça à soberania do país — um tema que rapidamente foi usado pelo regime chavista para insuflar um sentimento nacionalista. O ministro do Interior Diosdado Cabello, considerado o número 2 dentro da hierarquia do regime, classificou o disparo americano como uma "execução extrajudicial" no mar, e convocou exercícios militares da Milícia Nacional Bolivariana para estas quinta e sexta-feira.
Especialistas em direito internacional humanitário e marítimo também apontaram indícios de ilegalidade na ação.
Aviso à América Latina
Em Quito para um encontro com o presidente, Daniel Noboa, Rubio também anunciou uma ampliação da lista de organizações criminosas que Washington passou a tratar como terroristas. Foram incluídas as gangues equatorianas Los Lobos e Los Choneros, principais responsáveis por um aumento exponencial da violência no país sul-americano nos últimos anos.
Em declarações à imprensa, Rubio se referiu aos narcotraficantes como "animais cruéis" e "terroristas", acrescentando que a reclassificação abria margem para "todo tipo de ação" do governo americano contra esses grupos, em parceria com o governo do Equador — cuja administração atual é simpática a Trump.
