O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu mais uma vez o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta quinta-feira (29) e afirmou que o "conceito de democracia é relativo". Ao ser questionada sobre a ditadura do país vizinho, em entrevista à Rádio Gaúcha, afirmou que a "Venezuela tem mais eleições do que o Brasil".
“A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. A Venezuela desde que o Chávez tomou posse.... o conceito de democracia é relativo para você e para mim”, disse.
Em maio deste ano, o presidente recebeu Maduro em Brasília.O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cortou relações diplomáticas com a Venezuela. A presença de Maduro no Brasil não era permitida desde agosto de 2019, quando o ex-presidente editou uma portaria que proibia o ingresso no país do líder venezuelano e de outras autoridades do vizinho latino-americano.
Os elogios de Lula a Maduro vão de encontro ao que afirmam ONGs e organismos internacionais. Dados da Anistia Internacional e das Nações Unidas mostram que o governo venezuelano viola os direitos humanos e é suspeito de crimes contra a humanidade. Segundo essas entidades, são constantes as agressões a ativistas de direitos humanos, jornalistas e líderes indígenas. Estima-se que existam pelo menos 300 presos políticos no país que, ao mesmo tempo, enfrenta elevados índice de inflação, pobreza e desemprego.
Críticas a Lula
Na última semana de maio, Lula foi duramente criticado pela recepção que deu a Maduro, no Palácio do Planalto. Após reunião bilateral com o líder venezuelano, o presidente brasileiro afagou o mandatário e afirmou que ele, por vezes, era vítima de “narrativas” de quem deseja tirá-lo do poder.
“Todo mundo sabe o que eu falo e todo mundo sabe o que eu penso. Em política, toda vez que você quer destruir um adversário, a primeira coisa que você faz é construir uma narrativa negativa dele”, disse Lula na ocasião. Na mesma semana, ao receber presidentes da América do Sul, a fala do presidente foi apontada com repúdio pelos pares.
Dívida da Venezuela
Na fala, Lula também justificou cobrança reiterada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro: as dívidas de obras feitas em Cuba e na Venezuela.
Para o presidente, os devedores ao Brasil só não quitaram suas dívidas em razão da relação que Bolsonaro mantinha com esses países.
“Quando a gente financia uma obra no exterior, a gente está exportando engenharia, máquinas e ganhando dinheiro, além do que vamos receber. A Venezuela não pagou [a dívida] porque o governo brasileiro fechou as portas para a Venezuela”, argumentou.