O governo brasileiro vai retomar a compra de energia gerada pela hidrelétrica de Guri, na Venezuela, e integrá-la ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A volta da importação do país foi defendida na última segunda (26) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), durante evento em Lisboa. “Todos sabem da determinação do presidente Lula para fazer uma grande integração da América Latina na questão energética”, afirmou o ministro.
A população de Roraima, estado que recebeu energia do vizinho sul-americano entre 2001 e 2019, será diretamente beneficiada, diz o ministro. Atualmente, é o único ente federado que não faz parte do SIN, o Sistema Interligado Nacional de transmissão de energia. A volta da parceria com Caracas está relacionada com a interligação de Roraima ao sistema, segundo explicou Silveira em Lisboa.
Roraima recebia energia da Venezuela até 2019, primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro. A parceria foi rompida depois de uma série de apagões no país vizinho e também devido às divergências ideológicas entre o ex-presidente brasileiro e o governo de Nicolás Maduro.
Linhão vai conectar Roraima
Hoje, Roraima é dependente da geração de usinas a óleo combustível e a gás – energia mais cara, que resulta em um custo mais elevado para a população e subsidiada por meio das tarifas de energia, na CCC (Conta de Consumo de Combustíveis). O orçamento está em R$ 3,7 bilhões este ano, dos R$ 13,7 bilhões previstos pela Aneel para subsídios. O montante total representa 13,18%, na média, das tarifas brasileiras.
Silveira reafirmou que as obras do aguardado Linhão Manaus-Boa Vista serão inauguradas em julho. É um projeto da Eletrobras em sociedade com a Alupar, atrasado há uma década, e que precisou de um acordo com o governo e a Aneel para chegar à revisão dos valores de remuneração da linha.
O Tesouro Nacional vai desembolsar R$ 88,5 milhões do programa Pró-Amazônia Legal para cobrir despesas com compensação ambiental. A linha corta a terra indígena Waimiri Atroari, onde já existe uma estrada federal. São 720 km entre as capitais do Amazonas e de Roraima para permitir, após a conclusão, uma efetiva conexão do único estado ainda isolado do SIN.