04/07/2023 às 13h30min - Atualizada em 04/07/2023 às 13h30min
Lula volta a defender diálogo sobre Venezuela no Mercosul: 'Não pode é isolar'.
Após assumir presidência do bloco, Lula afirmou que 'problemas de democracia' devem ser enfrentados. Também citou situação na Nicarágua, onde regime tem perseguido bispos da Igreja Católica.
- Informações e fotos: Agência Brasil
Lula fez o discurso enquanto recebia a presidência temporária do Mercosul, em Purtto Iguazú, na Argentina. O presidente Lula (PT) voltou a defender nesta terça-feira (4) diálogo sobre a Venezuela no Mercosul, e disse que não se pode "isolar" o país. A nação faz parte do bloco, mas está suspensa desde 2017. Na cúpula do grupo, o petista disse que "problemas de democracia" têm que ser enfrentados. Ele também citou a situação na Nicarágua, que tem perseguido bispos da Igreja Católica.
"Com relação à questão da Venezuela, gente, todos os problemas que a gente tiver de democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta eles. Não conheço pormenores do problema com a candidata da Venezuela, pretendo conhecer", disse. As declarações foram em fala à imprensa após o Brasil assumir a presidência do Mercosul, por seis meses, substituindo a Argentina. Além dos dois países, também são ativos no bloco Paraguai e Uruguai. A cúpula ocorreu em Puerto Iguazú, na Argentina.
"Eu assumi o compromisso com o Papa Francisco de falar com o [presidente da Nicarágua] Daniel Ortega, na próxima semana, para falar da disputa com os setores da igreja. O que não pode é a gente isolar e a gente levar em conta que os defeitos estão em apenas um lado, os defeitos são múltiplos", afirmou.
Lula afirmou que quer colher as principais divergências do grupo para poder "alinhavá-las", enquanto presidente do bloco. Sem citar nomes, Lula citou a importância da manutenção da união dos integrantes.
"Nós formamos um bloco, juntos somamos mais gente, juntos temos mais capilaridade de negociar com quem que a gente queira", disse. "É importante que a gente tenha clareza da importância da unidade."
Ao citar "a candidata da Venezuela", Lula fazia referência à ex-deputada Maria Corina Machado, principal candidata da oposição no país, e que foi declarada inelegível por mais 15 anos pelo regime de Nicolás Maduro.
A ex-deputada, de 55 anos, já estava proibida de ocupar cargos públicos, e o veto foi prorrogado, segundo o controlador-geral do país. O regime venezuelano prorrogou a sanção alegando as seguintes razões: A decisão foi motivada por um pedido do deputado José Brito, aliado do governo de Nicolás Maduro, que serve na Assembleia Nacional (o órgão legislativo controlado pelo partido governista).
Maria Corina Machado era considerada a favorita para vencer a nomeação da oposição venezuelana para presidente nas primárias em outubro. O Brasil deseja que a Venezuela, que teve a participação no Mercosul suspensa há seis anos, volte a integrar o grupo. Lula reestabeleceu as relações do Brasil com país, recebeu Nicolás Maduro em Brasília, e foi criticado por dizer que o presidente do país vizinho é alvo de "narrativas".