22/11/2023 às 07h26min - Atualizada em 22/11/2023 às 07h26min
Opositor de Lula, Hiran Gonçalves foi o senador mais recebido na Esplanada dos Ministérios
Levantamento mostra os congressistas que são mais recebidos na Esplanada, entre os integrantes da oposição e de legendas da base que impõem dificuldades
Hiran gonçalves (PP) foi eleito senador em Roraima com o apoio político do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ainda na tentativa de construir uma base parlamentar capaz de evitar derrotas, o governo Lula tem aberto as portas a parlamentares até da oposição, mas encontra barreiras para “virar votos” no Congresso. Levantamento do GLOBO identificou congressistas do PL, principal partido da oposição, e de legendas que têm ministros, casos de PP e Republicanos, que circulam com desenvoltura na Esplanada dos Ministérios, a despeito dos posicionamentos que contrariam o Executivo em votações.
É o caso, por exemplo, do senador Hiran Gonçalves (PP-RR). O Palácio do Planalto contava com o apoio dele à Reforma Tributária, aprovada por margem estreita, de apenas quatro votos.
Na véspera, o parlamentar havia endossado o texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas em plenário opinou pela rejeição — o ex-presidente Jair Bolsonaro, que venceu a eleição no estado do parlamentar, entrou na campanha contra o texto.
Na Esplanada, Dr. Hiran teve 14 reuniões com ministros: 14, mais de uma por mês. É o maior número entre senadores de oposição (PL, Podemos e PSDB) e entre partidos que ocupam ministérios, mas vêm oferecendo resistências na Casa, a exemplo de PP e Republicanos.
O mesmo movimento foi feito pelo senador Mecias de Jesus (Republicanos), que foi a favor na CCJ e contra em plenário. Nas redes sociais, ele tentou se equilibrar, afirmando que votou contra a rejeição, mas conseguiu a inclusão de 20 emendas.
A situação causou desconforto na votação, quando o senador Omar Aziz (PSD-AM) chamou atenção para o fato. Ao longo do ano, Mecias de Jesus esteve em oito reuniões em ministérios.
Em agosto, o senador defendeu Bolsonaro nas redes sociais, ao afirmar que a autorização, dada pelo presidente Lula, do início das obras do Linhão de Tucuruí era simbólica, já que a construção só se concretizara “graças à vontade política do presidente Bolsonaro”.
É no Senado onde reside a maior preocupação do governo no momento. A Casa rejeitou a indicação de Lula para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU), em um sinal claro de insatisfação, e é por lá que vão passar as futuras indicações para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e Supremo Tribunal Federal (STF).
Flávio: reuniões no Turismo Se alguns parlamentares conseguem espaço na agenda de ministros apesar de se posicionarem contra o governo em votações importantes, a maioria dos bolsonaristas evita maior proximidade com o Executivo. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil) e crítico de Lula, não teve nenhuma agenda até o momento, assim como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que foi titular da pasta dos Direitos Humanos na gestão Bolsonaro.
Ex-vice-presidente, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) consta em apenas uma agenda, no Ministério dos Transportes, em um encontro que contou com a participação de toda a bancada gaúcha. O senador Sergio Moro (União-PR), ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, foi duas vezes ao Ministério dos Transportes, mas nas duas estava acompanhado da bancada paranaense. A senadora e ex-ministra Tereza Cristina (PP-MS), por outro lado, já se reuniu cinco vezes com ministros.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi recebido duas vezes pelo ministro do Turismo, Celso Sabino. A explicação para o encontro é o fato de Flávio ser o relator da Lei Geral do Turismo no Senado. Irmão de Flávio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) participou de apenas uma agenda com um ministro: uma reunião no Ministério da Justiça, também acompanhado por diversos outros parlamentares da chamada “bancada da bala”. O encontro foi para tratar de sugestões do grupo em relação ao decreto do governo que mudou as regras de acesso a armas.
Ranking: Senadores (PL, PSDB, Podemos, PP e Republicanos)