Transmitida pela picada do mosquito-prego infectado pelo parasita do gênero Plasmodium e caracterizada por febre, calafrios, tremores, suor excessivo e dores de cabeça e no corpo, a malária persiste como um problema de saúde pública em Roraima.
Entre 2018 e 2022, foi responsável pela morte de 87 pessoas no estado. Apenas no ano passado, o estado registrou 34,5 mil casos dessa doença infecciosa, considerada pelas autoridades de saúde como uma doença socialmente determinada. Os dados são do Ministério da Saúde.
Uma das pessoas que contraíram malária nos últimos anos foi a professora Darlene Moraes, de 34 anos, moradora de Boa Vista). Ao longo da vida, ela teve a doença 10 vezes. A primeira foi aos sete anos, quando morava num assentamento no município de Iracema (RR).
“Lá, não tinha saneamento básico. Era uma área nova, um assentamento da reforma agrária – e minha família foi uma das primeiras a desbravar o local –, não tinha nada, só mesmo a estrada”, descreve.
As condições relatadas pela Darlene estão ligadas ao surgimento de casos da doença. De acordo com o Ministério, a malária é mais presente em áreas rurais, assentamentos, terras indígenas e em regiões de garimpo.
Atualmente, Darlene vive em Boa Vista. Na cidade, ainda há casos de malária e ela conta que costuma se prevenir evitando áreas de mata e rios no início da manhã e após o entardecer — horários que o mosquito costuma picar mais. “Evitamos ficar em beiras de rio. Principalmente no período do inverno, quando as águas sobem muito”, completa a professora.
A malária é uma doença evitável e, se tratada adequadamente, tem cura, segundo o Ministério da Saúde. Mas as condições sociais têm forte influência na perpetuação da enfermidade enquanto problema de saúde pública. Para combater esta e outras 10 doenças e cinco infecções, em fevereiro o governo criou o programa Brasil Saudável.
O programa reúne ações de 14 ministérios frente às populações e territórios prioritários para diagnóstico e tratamento da doença, acabar com a fome e a pobreza, promoção da proteção social e dos direitos humanos, capacitação de agentes sociais, estímulo à ciência, tecnologia e inovação e expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente.
“A gente tem que atuar em várias frentes. Assim se diminui a carga global da doença e, conjuntamente com isso, nós trabalhamos com a utilização de mosquiteiros, de inseticidas, na educação em saúde, repelentes, telas nas casas. Mas o mais importante é diagnosticar e tratar ", explica o coordenador de Eliminação da Malária do Ministério da Saúde, Alexander Vargas, pasta que coordena o Brasil Saudável.
A meta do programa é eliminar a transmissão da doença até 2035 e zerar as mortes até 2030.
Para cumprir o Plano de Eliminação da Malária, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que segue as mesmas metas do Brasil Saudável, o estado de Roraima se apoia em três pilares:
• Garantir o acesso universal à prevenção, diagnóstico e tratamento de malária;
• Acelerar os esforços rumo à eliminação e obtenção do status de país livre de malária;
• Tornar a vigilância da malária uma intervenção central.
O estado fica responsável por receber do governo federal todos os insumos de enfrentamento como medicamentos, testes rápidos, mosquiteiros impregnados e inseticidas. Cabe aos gestores estaduais e municipais garantir à população o acesso ao serviço para o tratamento da malária, como explica o gerente do Núcleo Estadual de Controle da Malária, Gerson Castro.
“Aqui, organizamos os municípios descentralizados. Temos uma rede de laboratório muito ampla de microscopia de malária. Nos locais onde não tem microscopista para malária, descentralizamos e avançamos com o teste rápido, que possibilita o diagnóstico em 15 minutos e iniciar logo o tratamento”, explica o gestor.
Os municípios ainda recebem do Ministério da Saúde um recurso para cuidar da Vigilância em Saúde. Cada cidade tem a sua própria gerência de endemia, com equipes capacitadas para supervisionar os microscopistas, “onde há um controle de qualidade muito grande para poder fazer um diagnóstico preciso da doença”, complementa Castro
Fonte: Brasil 61