As iniciativas de Boa Vista voltadas à Primeira Infância há muitos anos vêm repercutindo nacional e internacionalmente. Nessa quarta-feira (31), foi publicada uma reportagem na Folha de São Paulo destacando os impactos positivos do Programa Família que Acolhe na redução da mortalidade neonatal e na identificação de doenças na infância.
A equipe da Folha esteve em Boa Vista acompanhando de perto as estratégias desenvolvidas tanto na área urbana, quanto rural e indígena da capital. Registraram famílias beneficiárias como a da Amanda Oliveira, 22, e sua bebê Cecília, de seis meses que são acompanhadas pela visitadora Josiane de Jesus, no bairro Senador Hélio Campos.
A cada 15 dias, a visitação acontece regada de muito cuidado, atenção, diálogo e atividades que ajudam no desenvolvimento cognitivo, emocional, motor e social da criança ao longo da vida. A visitação domiciliar é desenvolvida em Boa Vista desde 2017, e foi acompanhada pela Universidade de São Paulo para estudos dos efeitos positivos na vida das crianças, analisando também àquelas não assistidas pelo programa.
A pesquisa ainda não foi divulgada mas já aponta um impacto não só na redução de casos de mortalidade neonatal, como também na melhora do desenvolvimento em termos de cognição, linguagem, motor e emocional. Quem passou os detalhes foi Alexandra Brentani, professora associada do departamento de Pediatria da USP e diretora do Centro de Desenvolvimento Infantil da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), responsável pela pesquisa em Boa Vista.
Outra beneficiária citada na reportagem foi Luana Amaro Maruai, 23, mãe de Laysa Maruai, 2 anos, moradora da comunidade indígena Vista Alegre. No relato, a mãe destacou que aprendeu a conversar com a filha e a interagir de forma mais espontânea, pensando sempre no quanto isso pode contribuir para seu desenvolvimento integral.
Para a secretária municipal de Projetos Especiais, Andréia Neres, esse reconhecimento em nível nacional é o resultado de um trabalho sério, bem estruturado, e que tem colocado a política de primeira infância como uma prioridade, com resultados positivos na vida das famílias. Uma política iniciada em 2003 que impulsionou toda atenção à fase mais importante da vida, da gestação aos 6 anos de idade.
“O que realmente nos deixa felizes é o resultado, o feedback de cada família, sabendo que estamos ajudando a fazer a diferença na vida dessas crianças e de todas essas pessoas que participam do programa. Temos, a cada dia, buscado as melhorias de atendimento, com pesquisas, observações dos atendimentos, parcerias nacionais e internacionais, com o esforço da própria equipe local, que desenvolve muita coisa e que tem sido referência lá fora, porque é feito de forma organizada e estruturada”, ressaltou Andréia.
O Programa
Criado em 2013 por meio da Lei nº 1.545, o Programa Família que Acolhe revolucionou o olhar e o cuidado com a Primeira Infância na capital, em uma época que pouco se ouvia falar sobre o assunto. Boa Vista se tornou pioneira na atuação em rede e intersetorial, integrando diversos serviços nas áreas da saúde, infraestrutura, finanças, social, educação, dentre outras. Em setembro, o programa completará 11 anos de existência e já acompanhou 33,8 mil gestações.
Ao longo dos anos, se expandiu e hoje não está apenas na sede, mas também nos Centros de Referências e Assistência Social (CRAS), na área rural e indígena e agora com investimento potencial na paternidade ativa. E o trabalho feito em Boa Vista por meio da visitação domiciliar já foi comprovado por pesquisa que tem um impacto muito importante na vida das famílias beneficiárias.
“A estratégia de visitação é fruto de uma metodologia estruturada que foi desenvolvida junto com a equipe da Universidade de São Paulo (USP) e também por um sistema de controle eficiente que temos aqui, que é o Cidade Social. Aqui realmente prezamos para que esses acompanhamentos aconteçam da melhor maneira possível, com qualidade e com a frequência necessária para que a gente consiga os resultados”, declarou Andréia.
Em Boa Vista, é aplicada uma metodologia diferenciada do Brasil com visitas quinzenais, com um manual que é utilizado pelos visitadores e uma supervisão também que acompanha todas as visitas. É um modelo que tem dado certo e trouxe resultados excelentes para Boa Vista.
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