30/09/2024 às 13h02min - Atualizada em 30/09/2024 às 13h02min

A delação de servidor da Sesau sobre desvio de medicamentos dos Yanomami que envolve Cecília Lorenzon e o marido

Funcionário disse que escondia remédios a pedido de secretária de Saúde e do marido dela, além de mencionar ter ouvido que o governador Antonio Denarium sabia de tudo

- Conteúdo: Revista Veja
Foto: Reprodução
Acusado de integrar uma organização criminosa que desviou medicamentos que seriam destinados aos indígenas Yanomami em Roraima, um funcionário público da Secretaria de Saúde do Estado decidiu colaborar com a Polícia Federal (PF). 

Em sua delação, Harisson Moraes da Silva disse que escondia e queimava remédios cumprindo ordens da chefe da pasta, Cecília Lorenzon, Wilson Basso, além de citar uma conversa com a secretária na qual ela teria dito, sem entrar em detalhes, que o governador Antonio Denarium (PP) estaria “ciente de tudo”.

O servidor era dono de uma casa abandonada em Boa Vista, onde a PF encontrou, no início deste ano, pilhas de caixas e sacolas repletas de medicamentos que deveriam ter sido enviados aos indígenas do território Yanomami. No depoimento, o funcionário-colaborador disse que o empresário Wilson Basso, marido da secretária estadual de Saúde, solicitou que ele levasse os medicamentos para uma casa abandonada.

| Remédios apreendidos pela Polícia Federal em casa abandonada de propriedade de ex-servidor da Sesau
 
O pedido foi feito poucos meses depois de a PF cumprir um mandado de busca e apreensão na residência do empresário, para apurar a suspeita de superfaturamento na execução de contratos de fornecimento de cilindros de oxigênio, insumos hospitalares e medicamentos.
 
O funcionário contou ainda que telefonou para a secretária Cecília Lorenzon no dia em que os policiais apreenderam os remédios. Como resposta, ouviu que não era para se preocupar, “pois não era para se preocupar, “pois não era problema dela, nem dele”.

O servidor acrescentou que entrou em contato novamente com a secretária após a deixar a prisão. Na ocasião, Cecília teria dito a ele, sem entrar em detalhes, que o governador [ Antonio Denarium] conhecia o caso. 

Laranjas e lavagem de dinheiro
Uma das linhas de investigação da PF é de que o desvio de remédios era acompanhado de um esquema de lavagem de dinheiro. Dentro do caminhão usado para levar os medicamentos para a casa abandonada, os investigadores encontraram  cartões de crédito e débito em nome de “laranjas”, extratos bancários e anotações com indicações de pagamentos para a secretária a mãe dela e o marido.
 
“Revela-se a provável existência de um organismo criminoso, circunstância essa que está diretamente relacionada com o crescimento da morte dos indígenas Yanomami”, diz um trecho do inquérito da PF, cujo foco é apurar, dentre outras coisas, a prática de crimes como lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. Procurados, o governador e a secretária Lorenzon não se manifestaram.

O esquema teria desviado quase 1 milhão de reais destinados à saúde dos indígenas. O funcionário contou ainda que telefonou para a secretária Cecília Lorenzon no dia em que os policiais apreenderam os remédios. Como resposta, ouviu que não era para se preocupar, “pois não era problema dela, nem dele”.

Além disso, o servidor acrescentou que entrou em contato novamente com a secretária após a deixar a prisão. Na ocasião, Cecília teria dito a ele, sem entrar em detalhes, que o governador conhecia o caso.

Operação Yoasi
As suspeitas são de que os medicamentos foram escondidos na casa abandonada após a deflagração da segunda fase da Operação Yoasi, que investiga um esquema de desvio de recursos públicos federais do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), envolvendo agentes públicos e empresários.

primeira fase da operação foi deflagrada no dia 30 de novembro de 2022 e, assim, apurou esquema que deixou mais de 10 mil crianças Yanomami desassistidas, com a entrega de apenas 30% dos medicamentos adquiridos pelo Dsei-Y.

As investigações indicaram a participação de outros suspeitos nos crimes. Estes teriam realizado vultuosos aportes em empresas suspeitas com o objetivo de dar aparência de legalidade aos valores supostamente desviados.

Conforme a Polícia Federal, apenas um dos alvos da operação teria repassado R$ 4 milhões para empresa investigada. Trata-se de Roger Pimentel, preso na Operação Hipóxia, que investigou o superfaturamento de oxigênio destinado aos Yanomami.

A Operação Hipóxia também cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da então secretária de Saúde do Estado, Cecília Lorenzon. O alvo era o marido dela, Wilson Basso, proprietário de empresa investigada pela PF.

Lorezon chegou a ser afastada do cargo, mas retornou ao comando da Sesau após 14 dias afastada.

Com Roraima em Tempo

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