19/04/2024 às 19h06min - Atualizada em 19/04/2024 às 19h06min

Corrida do ouro ilegal pode se expandir de Roraima para o Pará

Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta risco de expansão da atuação de facções na gestão de garimpos ilegais da Terra Yanomami para o sudoeste do Pará

Investigações da Polícia Federal apontam que o sudoeste paraense serve para “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima. Ou seja, o mineral sai do território indígena, é declarado por garimpos com autorização para funcionar no Vale do Tapajós e depois é vendido como legal

A região do Vale do Tapajós, no Pará, está sob o radar das autoridades de segurança devido à possibilidade iminente de se tornar um novo epicentro do narcogarimpo. Este tipo de garimpo ilegal, impulsionado pelo tráfico de drogas organizado, poderia reproduzir os graves problemas sociais, ambientais e de violência que assolam a região da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Cidades como Itaituba e Jacareacanga, já conhecidas pela intensa atividade garimpeira, legal e ilegal, situam-se no sudoeste paraense, que desponta agora como potencial alvo para a expansão dos negócios de grupos criminosos na extração de ouro.

O estudo intitulado “A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com o apoio do Instituto Clima e Sociedade, destaca a gravidade da situação.

O fenômeno do narcogarimpo é impulsionado pela busca de grupos criminosos por meios de lavagem de dinheiro e logística para o tráfico de drogas e armas na vasta e densa floresta amazônica. A inserção desses grupos na exploração do ouro amplia seus poderes econômicos e bélicos, dificultando a ação do Estado brasileiro.

Nos últimos anos, a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) na extração ilegal de ouro na Terra Yanomami, em Roraima, evidenciou a relação direta entre o crime organizado e o garimpo. No Vale do Tapajós, já se observa a utilização da logística dos garimpos pelo Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, com o risco iminente de a facção assumir diretamente a gestão de frentes de garimpagem ilegal.

A complexidade da extração de ouro no Pará, somada à falta de soluções definitivas para o garimpo em Roraima, contribui para a expansão do narcogarimpo. Investigações indicam que o sudoeste paraense serve como ponto de “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima, com impactos sociais e ambientais severos.

A ampliação das atividades de garimpo ilegal nos yanomami resultou em uma crise humanitária, com contaminação por mercúrio, desnutrição e malária.
 
Fonte: Estadão Conteúdos
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