14/09/2024 às 11h21min - Atualizada em 14/09/2024 às 11h21min

Crise acentuada na Venezuela aumenta em 25% o fluxo migratório em Pacaraima, norte de Roraima

Refugiados e migrantes da Venezuela entram em um dos abrigos instalados pelo governo brasileiro em Pacaraima. Foto: R4V/Valmik Mota.

O agravamento da crise política na Venezuela após as eleições presidenciais está gerando uma nova onda de migração na fronteira brasileira, mas precisamente em Pacaraima, em Roraima. De acordo com dados a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) os pedidos de refúgio de cidadãos venezuelanos aumentaram 25%, chegando a um total de 1.907 solicitações.

Agosto a cidade de Pacaraima, a principal porta de entrada de venezuelanos para o Brasil, recebeu 11.325 novos migrantes, um aumento significativo em relação aos 8.477 do mês anterior. Dessas, 4.393 pessoas apresentaram pedidos de residência no Brasil, o que representa um aumento de 9%.

A situação tende a agravar um quadro já bastante complicado. Na semana passada, ao divulgar seu Censo Demográfico referente a 2022, o IBGE que Roraima abrigava 30,4% dos moradores no país em domicílios do tipo “Abrigo, casas de passagem ou república assistencial para outros grupos vulneráveis”. Isso foi atribuído especialmente pela existência no estado de grandes instalações de abrigo provisório para venezuelanos.

A Agência Brasil destacou recentemente que, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência das Nações Unidas, 1,134 milhão de migrantes venezuelanos entraram no Brasil de janeiro de 2017 até julho de 2024. Desse total, 532.773 já deixaram o país.

Lula promete ajuda
Em entrevista nesta quarta-feira (11) à Rádio Norte FM, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou o Brasil continuará acolhendo os imigrantes venezuelanos que buscarem refúgio no país, mas ele também afirmou esperar que o país vizinho “volte à normalidade”.

“O ministro das Relações Exteriores [Mauro Vieira] está com orientação e determinação da Presidência da República para que a gente trate com muito respeito as pessoas que estão vindo para o Brasil por necessidade de sobrevivência. Você sabe que o ser humano é meio nômade, quando ele não tem onde comer, quando ele não tem onde trabalhar, ele fica procurando outros lugares”, comentou Lula.

“Essas pessoas que estão vindo para cá vão ter que ser bem tratadas e o governo federal tem a obrigação de ajudar o estado de Roraima a cuidar da educação dessa gente, a cuidar da manutenção dessa gente, porque nós não queremos que essas pessoas venham para cá e passem mais necessidade ainda do que já passava na Venezuela”, acrescentou.

Lula disse ainda que vai visitar Roraima "para que a gente possa, definitivamente, tratar com muita responsabilidade e respeito esses milhares de venezuelanos que estão no Brasil. E eu espero que a Venezuela volte à normalidade e que essa gente possa voltar para a Venezuela o mais rápido possível”.

As cidades de Boa Vista e Pacaraima, em Roraima, são as principais portas de entrada de venezuelanos que buscam melhores condições de vida no Brasil. Para dar uma resposta humanitária às demandas que chegam pela fronteira, o governo brasileiro realiza a Operação Acolhida, em parceria com mais de 120 organizações nacionais e internacionais, sociedade civil e iniciativa privada.

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