MPF denuncia organização criminosa transnacional por contrabando de migrantes em Roraima

Grupo criminoso atuava na fronteira Brasil-Venezuela desde 2021 e cooptou agentes públicos para fraudar registros de entrada de estrangeiros

06/10/2025 08h28 - Atualizado há 2 horas
MPF denuncia organização criminosa transnacional por contrabando de migrantes em Roraima
Reprodução IA/PGR

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça denúncia contra 10 pessoas por integrarem uma organização criminosa transnacional que promovia contrabando de migrantes. O grupo, que atuou pelo menos entre 2021 e 2024, utilizava a fronteira com a Venezuela, na região de Pacaraima (RR), como ponto de entrada clandestina de estrangeiros no Brasil.

O principal objetivo da rede criminosa era obter dinheiro em troca de serviços de "coiote", viabilizando a entrada de migrantes em território nacional, como rota de passagem para outros países. Estima-se que a organização tenha facilitado o ingresso e o trânsito ilegal de ao menos 400 migrantes, ao longo de diversos anos. 

A logística envolvia a corrupção de funcionários públicos terceirizados em Pacaraima, que inseriam dados falsos no sistema de controle migratório da Polícia Federal, utilizavam carimbos oficiais furtados e emitiam documentação sanitária fraudulenta, com a intenção de forjar o ingresso regular no Brasil.
 
A denúncia foi apresentada pela Unidade Nacional de Enfrentamento do Tráfico Internacional de Pessoas e do Contrabando de Migrantes (UNTC) do MPF. Segundo o Ministério Público, os migrantes viajavam até a fronteira da Venezuela e ingressavam clandestinamente no Brasil por rotas conhecidas como “trochas”, sem passagem pelo controle migratório. 

As vítimas chegavam a pagar mil dólares (cerca de R$5,3 mil) pelo serviço irregular prestado pela organização criminosa. O valor pago incluía acesso a documentação falsificada, hospedagem em hotéis na Venezuela e no Brasil, transporte terrestre e aéreo, além de propinas pagas a agentes públicos para facilitar a travessia por pontos sensíveis de fiscalização. 

O grupo era liderada por um cidadão sírio, atualmente preso preventivamente na França para fins de extradição. Ele operava uma empresa de "coiote" na Venezuela e negociava o “pacote completo" de migração ilegal.  Além dele, o MPF pede que sejam condenadas outras nove pessoas, entre brasileiros e venezuelanos, que participavam do esquema criminoso, incluindo agentes públicos. 

Se a denúncia for recebida pela Justiça, os acusados se tornarão réus e responderão pela prática de diversos crimes, como organização criminosa, promoção de migração ilegal, corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistema de informações e peculato.


FONTE: Secretaria de Comunicação Social/PGR
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