Empresários exportadores protestaram em Boa Vista contra o boicote aos alimentos roraimenses.
O governo brasileiro enviará uma missão a Caracas para discutir algumas restrições impostas pelas autoridades venezuelanas à entrada de produtos alimentícios na fronteira comum, informaram fontes oficiais à EFE nesta sexta-feira. O assunto já foi discutido pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, em conversas telefônicas separadas que manteve com seu homólogo venezuelano, Yván Gil, e com a vice-presidente daquele país, Delcy Rodríguez, ao longo desta semana.
A missão, composta por membros do Departamento de Agricultura do Itamaraty, viajará nos próximos dias para discutir o motivo das restrições, que não foram "bem detalhadas ou explicadas", segundo fontes consultadas pela EFE. Em nota, o Itamaraty disse que, em seus contatos com as autoridades do governo venezuelano, mantidas em "diferentes níveis", elas têm "ressaltado o alto padrão sanitário dos produtos alimentícios brasileiros" e "insistido na liberação" da entrada de embarques parados na fronteira comum.
O assunto gerou protestos de empresários da cidade de Pacaraima, porta de entrada do Brasil para a Venezuela, onde nesta sexta-feira uma empresa que diz ter bloqueado suas exportações para o país vizinho distribuiu toneladas de linguiças porque estão próximas do vencimento. Muitos moradores de Pacaraima, cidade empobrecida por onde chegaram ao Brasil nos últimos anos cerca de 300 mil venezuelanos que fugiram da crise social e econômica de seu país, fizeram filas de mais de um quilômetro para receber comida, segundo imagens divulgadas pela mídia local.
Os empresários denunciaram que, nos últimos três meses, as autoridades fronteiriças venezuelanas impuseram restrições aos alimentos de origem animal, que agora se estenderam a outros produtos, entre os quais citaram açúcar, trigo ou óleos. As relações entre os dois países foram suspensas entre 2019 e 2022 por decisão do governo de extrema-direita do então presidente brasileiro Jair Bolsonaro, e foram retomadas em 1º de janeiro, quando o progressista Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder, após vencer as eleições de outubro. passado.
Lula ainda recebeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília no dia 29 de maio, com quem concordou em retomar a cooperação bilateral em todas as áreas, inclusive comercial, que caiu para mínimas históricas enquanto durou a suspensão.
