As Forças Armadas já começaram a patrulhar a Terra Indígena Yanomami em Roraima. Os militares têm poderes para revistar e prender suspeitos de crimes ambientais. Em um sobrevoo nesta terça-feira (27) na Terra Indígena Yanomami é possível ver áreas de garimpo abandonadas. O subsolo revirado e a terra contaminada. Uma área como essa vai demorar anos para se recuperar.
Desde fevereiro, a Polícia Federal, o Ibama, Funai e Polícia Rodoviária Federal fazem operações contínuas para interromper a ação dos garimpeiros e já apreenderam e destruíram milhares de equipamentos e desmontaram mais de 300 acampamentos. De acordo com investigadores do Ibama e da PF, ainda há garimpeiros que insistem em permanecer na Terra Indígena Yanomami. Muitos montam acampamentos escondidos na mata e operam as máquinas em áreas já abertas pelo garimpo durante a noite, quando não há fiscalização.
Indígenas têm relatado sinais de novas invasões e a passagem de aviões pequenos. Em alguns pontos da reserva, os postos de saúde seguem fechados e já ocorreram episódios de trocas de tiro com garimpeiros. Os indicadores de saúde dos indígenas estão melhorando, mas o número de mortes ainda é alto - 130 só em 2023 - e em vários pontos do território os casos de malária têm aumentado muito.
Um decreto assinado na semana passada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin determinou que as Forças Armadas não atuem mais apenas no apoio logístico a outros órgãos do governo. Nessa nova fase, elas também vão atuar diretamente na repressão de crimes ambientais - tanto na faixa de fronteira quanto no interior da reserva indígena. Os militares vão fazer patrulhamento e revista de pessoas, carros, tratores, barcos e aviões, e podem até fazer prisões em flagrante.
O Ministério da Defesa mobilizou um efetivo de cerca de 1,2 mil militares que já estão atuando na região. A ideia é permanecer na terra indígena até que sejam retirados todos os garimpeiros, e continuar com os atendimentos médicos e com a distribuição de cestas básicas para combater a desnutrição.
O Ministério da Defesa diz que desde o início da operação do governo na Terra Yanomami fez mais de 2 mil atendimentos de saúde e já distribuiu aproximadamente 24 mil cestas básicas; fez mais de mil lançamentos de fardos de alimentos, cada um com cerca de 500 quilos. A Funai reclama que há cestas básicas armazenadas em Boa Vista e indígenas sem comida. O comandante diz que as entregas são definidas com base nas aeronaves disponíveis e nas prioridades da operação. E que o governo deve começar a pensar agora em soluções permanentes para a terra indígena.
"Nós temos que fazer o planejamento de medidas de curto, médio e longo prazo para garantirmos que estes resultados que nós alçamos sejam consolidados e persistentes. Porque o yanomami continuará precisando desse apoio e precisamos manter a terra indígena livre de crimes ambientais" explica Gen. Costa Neves, Comando Conjunto das Forças Armadas.