26/11/2024 às 13h18min - Atualizada em 26/11/2024 às 13h18min

Líderes indígenas vão ao Palácio do Planalto denunciar avanço do crime organizado em Roraima. Denarium é citado

Segundo ofício entregue a Alexandre Padilha, venda ilegal de armas para garimpeiros e o tráfico de drogas dentro das aldeias avança sem controle

O grupo foi liderado pelo Xamã Davi Kopenawa,que é um dos principais líderes do povo Yanomami. Foto: Victor Correia/CB/D.A. Press)
Lideranças ianomâmis foram ao Palácio do Planalto nesta segunda-feira (25) pedir ao governo federal providências contra o garimpo ilegal no seu território, em Roraima. O grupo foi liderado pelo xamã Davi Kopenawa, autor do livro A Queda do Céu e um dos principais líderes do povo Yanomami.

Os indígenas estiveram no Planalto para uma reunião com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, e pediram também um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo os ianomâmis, o garimpo ilegal na região continua apesar das ações do governo federal, que começaram no ano passado. Eles denunciam que a atividade está ligada ao crime organizado, com a participação de lideranças políticas de Roraima.

Kopenawa também escreveu uma carta à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, pedindo providências contra a participação de autoridades do estado nas atividades ilegais. “Essa destruição compromete nossa existência e prejudica a luta contra a crise climática no mundo. Além do desmatamento, enfrentamos o desvio de medicamentos essenciais para a saúde do nosso povo”, escreveu o xamã.
 
Denarium acusado e processo de cassação

O governador do estado, Antônio Denarium, é um dos acusados de envolvimento com o garimpo. Uma operação da Polícia Federal contra lavagem de dinheiro oriundo da extração ilegal teve como um dos alvos a irmã de Denarium, Vanda Garcia, e outros familiares. Denarium nega as acusações.

Em entrevista, o presidente Lula reconheceu conhecer “boatos” sobre o governador. “A verdade nua e crua é que aqui em Brasília corre o boato de que o governador teria vinculação com essa gente do garimpo”, disse em entrevista à Rádio Norte FM, de Manaus. “Se a PF tem indícios e se teve alguma coisa na fazenda dele, isso tem de ser apurado, investigado e o governador, julgado”, acrescentou.

As lideranças indígenas pretendem também levar suas reivindicações ao conhecimento da presidente do TSE, ministra Carmén Lúcia. Eles alegam que a Corte Superior precisa saber dos “crimes” cometidos pelo governador Antonio Denarium contra os povos indígenas.

Eles querem que Carmén Lúcia coloque novamente em pauta a análise do processo que pede a cassação do mandato governador e de seu vice. A ação, que apura uso da máquina pública na eleição de 2022 pelo governador, começou a ser analisada em agosto mas foi retirada de pauta.

Num ofício entregue a Padilha, Davi Kopenawa, um dos porta vozes do povo Yanomami, denuncia a situação no estado: “Nos últimos anos, a destruição da nossa terra se intensificou de forma alarmante. A exploração ilegal de garimpo avança sobre nossos rios e florestas... Mais um genocídio contra o povo Yanomami. O garimpo em nosso território, além de ser ilegal, está diretamente ligado ao crime organizado e ao comércio de ouro para o mercado internacional, partindo de Roraima. Contudo, a questão possui um profundo viés político-eleitoral, o que me motiva suplicar pela audiência, devido às graves suspeitas de envolvimento de autoridades políticas detentoras de mandato com o garimpo ilegal, tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, inclusive com apuração pela Polícia Federal e prisão de parentes desses mandatários.”
 
Kopenawa se refere à investigação e uma operação da Polícia Federal que em outubro deste ano realizou busca e apreensão em endereços do comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Miramilton Goiano, e o filho dele, Reniê Pugsley de Souza, que é policial penal, por visitas a um garimpeiro preso envolvido com venda de armas e munições na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o maior presídio do estado.
 
Fonte: Revista Veja/Correio Braziliense

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